Língua.

    Deu um gole no café, quente, e pôs a língua para funcionar. Atentou para respiração, o ritmo é importante, o coração acelerado, sua mão percorria a coxa, ele sôfrego, a mão suada. Ele a queria em êxtase, coisas do amor. O prazer é algo medular, cerebral.  Mexeu e remexeu, pausas, acelerações, sentiu o corpo vibrar. Será que haverá enlevo? Será que conseguirei fazê-la em torpor chegar ao delírio. Sentiu-se perto de atingir o objetivo. Não queria concluir assim, rápido. Não queria provocar um simples prazer, queria que ela sentisse o esforço para satisfazê-la, amada, totalmente envolvida.

A língua era sua única arma, único caminho para se tornar inesquecível, queria aceitação total. Por fim, não pode mais resistir. Colocou o ponto final.

Deu outro gole no café, agora morno. Olhou-a nos olhos, ela esperava ansiosa. Ele entregou o papel, nele, a poesia, ela sorriu e disse: lindo, amor. Obrigada, amei... Agora vamos dormir.

Ricardo matos

 

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