Acabou o “Apixabana” - Crônica de Ricardo Matos
Ontem me dei conta que
o “apixabana” só tinha dois comprimidos. De imediato a memória me lembrou de a
médica do SUS me dizendo que era imprescindível o uso deste medicamento para
minha sobrevivência. Segundo exames, disse ela, meu coração só funciona com menos
de trinta por cento de sua capacidade e, este medicamento, é um anticoagulante
para evitar trombose. Aí, segue-se aquela máxima: Quem tem... tem medo. E
apesar dos pesares pretendo continuar vivo.
Eu sou um velho teimoso
e prefiro a morte a me tornar dependente de favores alheios... Já li por aí que
“La coppia si conosce nel divorzio, i Fratelli nell’eredità, i figli in
vecchiaia e gli amici nelle difficolta”, que numa tradução chula, seria: “Você conhece o caráter do casal na
separação, dos irmãos na herança, dos filhos na velhice e dos amigos na
dificuldade...” Então lá fui eu comprar o tal “apixabana”.
Como o dinheiro está curto. -- (Aposentado no Brasil é tido como custo
apesar de ter pagado INSS e os outros impostos a vida toda) -- tenho que buscar
uma farmácia mais em conta. O preço deste fármaco em muitas farmácias, inclusive
na que fica a duzentos metros de minha casa, passa dos duzentos reais. Eu não
tenho, no fim do mês, tantos recursos e não quero descobrir o caráter dos
poucos amigos que sobraram pedindo dinheiro emprestado. Restou-me ir caçar uma
farmácia mais em conta. Só que tem um porém. Por conta do coração
recondicionado por três pontes de safena e depois de sofrer dois AVCs, tenho
uma baita dificuldade de andar. Após andar uns trezentos metros tenho que
descansar por pelo menos uns três ou quatro minutos e, neste tempo, quase sempre
me aparece alguém para perguntar-me se eu estou bem... (Ainda existem pessoas
bondosas neste mundo).
Resumindo: numa cidade que tem mais farmácias que Igrejas Evangélicas,
será? eu tinha que achar uma farmácia que não quisesse me tirar às tripas. Pela
internet catei os telefones e fui atrás de uma farmácia mais em conta. Comecei,
obvio, pesquisando as farmácias mais próximas. A disparidade entre preços me assustou.
Havia farmácias com até cinquenta por cento mais baratas, porém, em lugares que
eu nem conhecia o bairro. Por fim, optei por ir numa farmácia popular.
Creio que a única vantagem de ser velho, em Salvador, é poder usar o
metrô e ônibus de graça. A primeira etapa era ter de andar de casa até o ponto
de ônibus ou pior, ir até o metrô, a distância do metrô é um pouco mais que o
dobro da distância até o ponto de ônibus. Por sorte lembrei-me de uma “farmácia
popular” que vende remédios mais baratos e consegui encontrar lá o dito cujo
por R$ 110,00 reais dividido em duas vezes.
Agora só no mês que vem.
Crônica de Ricardo Matos.
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