De volta a “old” Pituba.

 



Sinto hoje que minha memória está falhando,

Graças a Deus que, por enquanto, é só memória.

Não é a idade, nem os uísques bebidos.

                                 É que o mundo está cheio de desamor e

 Irracionalidades que o melhor fazemos é esquecer.

Sofrem muito os que se lembram com facilidade

de fatos e pessoas. No vídeo-tape do passado,

só há lugares para as saudades.

 

Raimundo Reis

 

Já escrevi algumas crônicas falando da Pituba abusando da memória que hoje já não é tão prodigiosa. Todavia, como tive prazer em escrevê-las vou voltar a elas. As memórias da velha Pituba.

Já falei das praias que circundavam o Clube Português, Salva-Vidas era uma delas e mais no fundo desta praia, nos meses de maré alta, (geralmente em março), e ondas grandes, os pioneiros que implantaram o surf em Salvador: Vevé, Mauricio Abubaki, Guiga, Silvio, Ramilton, Hiltinho, Carlão, Valtinho do Rio Vermelho, Torão, Rai, Luciano Macacão,  entre outros, eles, os surfistas, chamavam o "point" de “Havaí”.

O Havaí era uma “ilha-de-coral” submersa onde quebravam as melhores ondas da época. Porém, em marés calmas e límpidas mergulhava-se neste coral, onde morava um peixe enorme tido pelos mergulhadores como senhor do local. Era um Mero com mais de dois metros, que juram: “pesava mais de 200 quilos” segundo a medida dos mergulhadores que o viram. Confesso que fiz algumas incursões mergulhando junto com Galego que era um exímio pescador submarino e inclusive fazia mergulhos num destroço de navio, que diziam ser da segunda grande guerra e naufragado próximo ao Havaí, mais ao fundo. Confesso que nunca tive coragem de acompanha *Galego nos mergulhos nos destroços. Requeria um fôlego de profissional. Diziam que Galego conseguia prender a respiração por mais de três minutos. Galego, seu nome me foge agora, me contou que vira o Mero diversas vezes, mas tinha pena de matar o enorme peixe. Contou-me que seria covardia arpoar o bicho já que o peixão se deixava até acariciar.  

Eu não conseguia ficar submerso um minuto sequer, mas, vez por vez, arpoava um vermelho dentão ou vermelho guaiúba e até arpoava algumas lagostas. Eu preferia mergulhar beirando o coral do fundo do Clube Português, onde minha única preocupação era ficar longe das moréias. Alguns anos depois soube que um pescador desalmado ou muito necessitado de dinheiro pescou o Mero e o vendeu. Se não me falha a memória quem o pescou foi seu Antônio da colônia de pesca do Bico-de-Ferro.

Mas isso já é outra história.

Zé peitinho. 

*Pouco mais tarde lembrei-me do nome de Galego. Era Jurandir. Irmão de Jutaí e dos gêmeos. Jurandir era Ruivo, tinha pela bem clara e cheia de sardas, daí o apelido de Galego.         

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