Uma crônica plagiada. Tá chegando o Carnaval

        



        Preambulo,

        Enquanto o seu exército lutava com os lombardos, o rei dos hérulos estava sentado calmamente em sua tenda e jogava xadrez. Ele ameaçava com a morte aquele que lhe comunicasse uma derrota. A sentinela que assistia à luta do alto de uma árvore exclamava constantemente: -- Estamos vencendo! Estamos vencendo! Até que por fim gemeu: -- Óh, rei infeliz! Infeliz povo hérulo! Foi então que o rei percebeu que a batalha estava perdida, mas muito tarde! Pois no mesmo instante os lombardos invadiram sua tenda e o apunhalaram... 

        Uma crônica plagiada. Tá chegando o Carnaval

        Foi justamente esta historia estava eu lendo, no barco, quando chegou ao vídeo o volumoso pacote de jornais com as novidades entusiásticas e sensacionais de terra firme. Eram raios solares, embrulhados em papel virtual que inflamaram minha alma até o mais intenso ardor. 

        Sentia-me como se pudesse incendiar todo o mar, até o Polo Norte, com as chamas do entusiasmo e da alegria louca que ardiam em mim. Agora também sei por que o mar cheirava a Skol. Salvador havia lançado imediatamente a boa notícia ao mar, e nos palácios cristalinos, as belas ninfas, que desde sempre querem bem a todo o heroísmo, em seguida realizaram um carnaval para festejar os grandes acontecimentos; por isso todo o mar cheirava a Skol. 

        Vocês, baianos, realmente merecem ser livres, porque levam a liberdade no coração. Nisto vocês se distinguem de seus pobres ancestrais que se levantaram da servidão milenar e em todos os seus feitos heroicos também praticaram aquelas atrocidades loucas, diante das quais o gênio da humanidade encobriu seu semblante. 

        Desta vez as mãos do povo se armaram de instrumentos e músicas, em justa defesa, só no fragor da batalha, e não após a luta. O próprio povo atou as feridas dos inimigos e, consumado o ato, retornará as atividades diárias, na quarta-feira de cinzas, sem mesmo exigir uma gratificação para a grande obra. 

        Este texto é de Heinrich Heine cujo título é “O Pacote de Jornais”, e foi escrito na Alemanha, por volta de 1800, porém, ao lê-lo, veio-me a vontade de trocar não mais que 50 palavras para que ele se tornasse um retrato fiel do que o Brasil vive hoje, em espírito. 

        Todos seremos obrigados por ACM Neto a beber Skol, sem uma sombra pra descansar. Isso é que é sarcasmo...  

        Ricardo Matos 


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