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Mostrando postagens de outubro, 2024

Cacá, Zezé e a barraca de Bené.

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                 Além de escritor ,  dramaturgo ,  meu pai era jornalista, fora editor no Jornal da Bahia, na Tribuna da Bahia e trabalhou em alguns outros jornais  e revistas  até que, junto a José Gregório Gorender e Maurício Naiberg fundaram o IC Shopping News.                O IC Shoppig News tirava aproximadamente 40.000 exemplares, o que ,  na época, era uma circulação de respeito  para um veículo de Salvador . O Jornal  era distribuído gratuitamente, aos domingos. Lembro -me  que pelo  IC Shopping News passaram grandes nomes do jornalismo b aiano,  até brasileiro,  como Mizael Peixoto, Ademar Gomes,  os também escritores  Guido Guerra, João Ubaldo Ribeiro,    Glauber Rocha, Silvio Lamenha  e o grande crônista Raimundo Reis, que,  entre outros  do mesmo naipe, que a memória falha, esqueceu, mas contribuíram para história do jornalismo baiano .                Naquela época ,  meu pai trabalhava ocasionalmente em casa e costumava me mandar ir comprar os jornais do Rio e São Paulo n

O Improvisador - Crônica da Ariovaldo Matos

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          P orque eu estava lá e presenciei o episódio, posso garantir a veracidade de um fato narrado pelo professor Hegel:           - Pode-se – ele escreveu num dos seus textos sobre Estética – falar de um nexo entre a arte e, por um lado, o seu modo de produção, e, por outro lado, o gênio nacional de um povo. Na Itália, por exemplo, os improvisadores são particularmente numerosos e dotados de um talento por vezes extraordinário. Ainda em nossos dias, italianos há capazes de improvisarem uma peça em dois atos na qual nada existirá de decorado e onde tudo provém do conhecimento das paixões e situações humanas, bem como de uma profunda inspiração de momento. É conhecida a história de um pobre improvisador que, depois de improvisar durante muito tempo, deu a volta a assistência para arrebanhar algumas moedas no velho  chapéu esburacado ; mas, dominado ainda pelo fogo da inspiração, não parou de declamar, de gesticular com os braços e as mãos até cair por terra  inanimado , espalhando p

Acabou o “Apixabana” - Crônica de Ricardo Matos

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            Ontem me dei conta que o “apixabana” só tinha dois comprimidos. De imediato a memória me lembrou de a médica do SUS me dizendo que era imprescindível o uso deste medicamento para minha sobrevivência. Segundo exames, disse ela, meu coração só funciona com menos de trinta por cento de sua capacidade e, este medicamento, é um anticoagulante para evitar trombose. Aí, segue-se aquela máxima: Quem tem... tem medo. E apesar dos pesares pretendo continuar vivo.         Eu sou um velho teimoso e prefiro a morte a me tornar dependente de favores alheios... Já li por aí que “La coppia si conosce nel divorzio, i Fratelli nell’eredità, i figli in vecchiaia e gli amici nelle difficolta”, que numa tradução chula, seria: “ Você conhece o caráter do casal na separação, dos irmãos na herança, dos filhos na velhice e dos amigos na dificuldade.. .” Então lá fui eu comprar o tal “apixabana”.           Como o dinheiro está curto. -- (Aposentado no Brasil é tido como custo apesar de ter pagad

Aeromoça

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       Aeromoça        Disse ao Rapaz que Nova Iorque é uma cidade estropiada, tudo apodrece. Não falo de todas as pessoas e sim de algumas e de certas instituições. E também... O rapaz disse acredito em você e ajeitou a fantasia, tenente ou capitão da Nobre Guarda do Rei Faiçal ou algo assim. Sem lhe reparar no gesto, um tanto ensurdecida pelo barulho da festa, a Moça prosseguiu contando que certo dia, em Nova Iorque, conheceu um guarda – desse de esquina, que agente vê no cinema – e dele ouviu propostas indecorosas.      -- Indé... o quê?      Propostas indecorosas! – a Moça repetiu e o arrastou para longe do grupo de jovens havaianas que cantavam “Pega no ganzê / Pega no ganzá”.      -- Indecorosa o que, minha filha?      -- As propostas do guarda, o de Nova Iorque. Um guarda é um guarda, simboliza decência, e desde que assim é não devia ter feito aquelas propostas. Nem insistir. E ele insistiu, o sujo!      Quarentão amulatado, que usava Summer-jacket, passou cantando

Os três "M" da prostituição: miséria, mistério e Maria, Crônica.

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  Esse título de crônica amiga, é um dos momentos em que não uma, mas várias Marias cruzaram-se em meus caminhos. E permanecem, ainda, porque a miséria se agrava e os mistérios se adensam. Se não me engano, e tenho boa memória, título e texto foram de reportagm de José Contreiras, para o "Jornal da Bahia", por volta de 1959 ou 60. Ele trabalhou uma pesquisa sobre prostituição e a presença do nome Maria era da ordem de uns 70%, dominantemente oriundas e, com elas, seus mistérios, dos municípios do Recôncavo. Talvez a pesquisa que Gey Espinheira e sua equipe realizaram para a Fundação do Pelourinho, sobre a população da área, ofereça dados pelo menos essemelhados. Um parêntese, Terezinha: os jornalistas baianos continuam preocupados com bons títulos. Há uma tradição, no particular. Quando Francisco Alves morreu, já não me lembro o ano (quanto a números, minha memória é fraca), a manchete de Inácio Alencar para o "Diário da Bahia" foi magnífica: "Adeus, cinco letr